Eu não conseguia ver nada. Não podia, meus olhos não eram capazes de se abrir com tamanha fraqueza. Porém, eu podia sentir..
Inicialmente era a dor.. Uma dor tão grande que, se houvesse forças, eu estaria gritando. Depois da dor veio o calor. Um calor forte percorreu o meu corpo, que me deixou inquieta. Cada célula do meu corpo parecia se mover, parecia querer saltar para uma direção diferente. Por último, o que eu senti foi uma sede louca, terrível. Tão enigmática, tão intensa que parecia insaciável.
Alguém suspendeu minha cabeça um pouco, apoiando-a com a mão , para frente. Um aroma perfeito me atingiu.. Um cheiro tão bom que minha sede tornou-se ainda mais insuportável. Porém, a minha fraqueza falava mais alto, e eu simplesmente não era capaz de me mexer.
Algo então tocou meus lábios. Líquido. O aroma delicado e irresistível ainda mais perto. Aquilo.. aquilo era um braço?! Com um inevitável impulso eu o mordi. Mordi e suguei o irresistível líquido, até que não saísse mais nada dali. A minha força retornou e eu pude abrir meus olhos e me mover. Levantei-me e vi uma pilha pequena de roupas e uma areia estranha, brilhosa.. No alto dessa pilha havia um bracelete dourado, aquele que todos diziam para fugir se o visse. Era a principal marca de um Puro-Sangue louco que havia matado alguns caçadores ultimamente.
Mas eu não fugi. Fiquei, fui golpeada, perdi a consciência e tudo isso aconteceu. Minha cabeça girava. Não assimilava nada. Tudo, sem exceções, era uma figura sem sentido para mim. Eu soquei a areia, peguei o bracelete e sai do lugar escuro que me envolvia. O que eu encontrei do lado de fora era uma luz que queimava meus olhos. Feria minha pele. Sol.
Foi aí que eu me toquei.
Minha roupa estava encharcada de sangue. Minha roupa, meu rosto.. Minha boca ainda com vestígios daquele sabor perfeito e anormalmente delicado. Meu pescoço dolorido.. Eu.. havia tomado sangue?
Sangue daquele bastardo Sangue-puro? Não! Não! Ele havia feito isso comigo? Por quê? Por quê?!
Eu tinha apenas nove anos, mas eu sabia muito bem o que aquilo significava.
- Não .. Tudo, menos isso ! - Girei sem parar no meu próprio lugar e cai no chão. Olhei para cima, o céu azul, e uma sombra repentina. Uma silhueta fina, olhos atentos me fitavam. Não reparei mais nada. A confusão era tanta que não tardei em desmaiar e me entregar à inconsciência.
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