sábado, 28 de janeiro de 2012


O que me impressiona de verdade é saber que existem pessoas que enxergam mais numa roupa do que num sorriso .

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Vampire Knight - Your blood is my life (Parte 4)

Ele devia ser uma outra criança estimada à ser uma arma.

- Sou exatamente a raça que devem exterminar - murmurei.
- Não seja hipócrita. Ou se esqueceu à que família pertence? - A voz dele era rude e suave ao mesmo tempo. Falava como um nobre, mas eu sabia que essa não era a realidade. Ele se aproximou de mim. Aparentava ter uns dez anos e o cheiro de seu sangue me estigava. Cobri a boca e o nariz com as mãos e sussurrei ofegante:
- Não se aproxime. - Foi quase inaudível, mas ele ouviu.
Os seus lábios se torceram num sorriso de escárnio, e ele continuou andando em minha direção.
- Pelo seu bem, não se aproxime! - Repeti com a voz mais alta. Novamente não adiantou e ele estava na minha frente. Segurou as minhas mãos com força, para descobrir meu rosto. - Pare com isso!
- Shii.. Meu irmão gêmeo é frágil e está descansando. Não grite.
- Irmão gêmeo? Mas.. você é um caçador.
- Sim. - Ele sorriu e soltou as minhas mãos. - E você também. Aliás, soube que você tinha uma irmã gêmea, como eu.
- Ela morreu antes de nascer. - Cuspi as palavras. - E eu.. Não sou digna de..
- Mesmo que você tenha se transformado, não esqueça da sua humanidade - ele me interrompeu. - De quem você é.
- Como, se só de olhar para você, tenho vontade de matá-lo ?
- Verdade? - Ele sorriu, como se estivesse se divertindo com a frase. Seus olhos brilharam um pouco, ele parecia gostar de brincar com o perigo. - Você.. está se sentindo fraca?
A pergunta me soou tão provocadora que eu ofeguei.
- Sim.. Por isso, afaste-se. - Eu empurrei seu ombro de leve, querendo afastá-lo. Mas ele segurou meu pulso com força e me fitou com curiosidade.
- Eu quero .. - ele começou com a voz fraca - .. que você tome de meu sangue.
Levei um susto com o seu pedido.
A minha sede era tão aguda e suas palavras tão sedutoras que eu o empurrei contra o colchão da cama e me apoiei em cima de seu corpo com movimentos ágeis. Com a ponta da minha língua, delicadamente molhei sua frágil pele e perguntei, a voz baixa, com se entrasse em transe.
- Por quê ?
- Simplesmente quero - respondeu ele, sem vestígio algum de medo na voz. Ele segurou a minha nuca e puxou minha cabeça para seu pescoço.
Furei sua pele com as minhas presas delicada e timidamente. Seu sangue era tão bom que naquele momento senti muito mais que um desejo pelo seu sangue. Era como se um pacto ali se formava, um amor incondicional me unia à ele. Era algo tão forte que fui cuidadosa e não o matei.
Quando me senti plenamente satisfeita, limpei o pouco de sangue que escorria de seu pescoço com a língua e me afastei. Fitei seus olhos, ele estava meio pálido, senti-me culpada.
- Por que não me matou? Não é isso o que queria? - Ele perguntou ofegante.
- Quero ter a oportunidade de beber seu sangue outra vez - murmurei com a voz arrogante próxima a ele.

Ele sorriu de leve, com um pouco de ironia, e me puxou novamente para si, mas dessa vez, tocou os meus lábios sujos de seu próprio sangue com os dele. Kiryuu Zero.. Nunca mais me esqueci do nome marcado no único sangue que me satisfez por completo.



Vampire Knight - Your blood is my life (Parte 3)

Mais uma vez não sabia onde me encontrava. Não sabia quem eu era, não reconhecia nada à minha volta. Em todos os nove anos que havia vivido até então, era sempre assim. 

Eu perdia tudo, andava sem rumo, perdia mais ainda, e repentinamente aparecia em algum lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas, apenas pelo simples fato de não me importar com nada. A única coisa que eu precisava saber, que eu me importava, era em trucidar a raça de vermes que acabou com a minha vida.
Mas dessa vez foi diferente. Eu não estava no chão gelado, não estava suja de sangue, não sentia dor, nem raiva, nem nada. Eu simplesmente não sentia.
Estava em uma cama, coberta por um lençol branco. Havia se passado quatro anos desde que meus pais foram mortos por alguns vampiros, em uma cerimônia de pacificação entre membros da Associação de Caçadores e o Conselho de Vampiros. Não me lembrava de muita coisa desde então.
Não me responsabilizava pelos meus atos. Eu vivia simplesmente pelo prazer de matar aquela raça que tanto detestava. Mas alguns vestígios de memórias bem atuais atingiram minha mente no momento em que abri meus olhos.
A dor em meu corpo, a sede insuportável, o sabor do líquido vermelho e irresistível, a luz do sol ferindo meus olhos.. Um par de olhos azuis tão claros e intensos - que pareciam surreais - me fitando preocupadamente, um baque no chão, braços me carregando.. Eu, perto do pescoço indefeso de um menino que gentilmente me ajudava, o menino dono dos lindos olhos; senti-me tão tentada à mordê-lo, senti-me tão .. desumana.
Lembro-me fracamente de ter tocado o seu pescoço com meus lábios, mas parei nisso. Não queria me tornar aquilo que tanto odiava. Entramos em uma casa, uma voz feminina pergunta algo como "o que é isso?", e então, minha mente se desvai, não sei de mais nada.
Virei-me na cama e joguei o lençol para o lado, meu corpo ainda estava meio dormente, insensível. O quarto era desconhecido, a cama confortável, um travesseiro inútil. Eu não sentia necessidade de mordomia. Não sentia mais frio.. Era estranho não sentir nada. Lentamente, meus olhos foram se acostumando com a escuridão, e comecei a enxergar as coisas ainda mais a minha volta. Uma voz do outro lado da porta me chamou a atenção.. Prestei atenção no que dizia.
- É a menina da família Fumino. Tenho certeza. - A voz de uma mulher. Ela parecia ouvir algo, e
então respondeu. - Sim, cabelos castanhos claros, olhos negros. - Uma pausa. - Perto do rio das
Noites Caladas. - Pausa. - Sim, parece que sua avó faleceu há alguns meses e desde então ela estava desaparecida. - Outra pausa. - O que devo fazer? - Outra. - Ok, estarei lhe esperando.
A pessoa se foi dali. Sentei-me na cama e senti-me sem ar. Estava desesperada. Eles iriam me matar!
Sabiam que eu era .. um monstro.
- Eles não vão te matar.
Olhei para a esquerda, de onde ouvia a voz. Encostado na parede, o menino dos olhos azuis me observava. Eu podia sentir o seu cheiro com exatidão. Era o sangue de um caçador de vampiros, o mesmo cheiro que um dia eu tive.. 


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Vampire Knight - Your blood is my life (Parte 2)



Eu não conseguia ver nada. Não podia, meus olhos não eram capazes de se abrir com tamanha fraqueza. Porém, eu podia sentir..

Inicialmente era a dor.. Uma dor tão grande que, se houvesse forças, eu estaria gritando. Depois da dor veio o calor. Um calor forte percorreu o meu corpo, que me deixou inquieta. Cada célula do meu corpo parecia se mover, parecia querer saltar para uma direção diferente. Por último, o que eu senti foi uma sede louca, terrível. Tão enigmática, tão intensa que parecia insaciável.
Alguém suspendeu minha cabeça um pouco, apoiando-a com a mão , para frente. Um aroma perfeito me atingiu.. Um cheiro tão bom que minha sede tornou-se ainda mais insuportável. Porém, a minha fraqueza falava mais alto, e eu simplesmente não era capaz de me mexer.
Algo então tocou meus lábios. Líquido. O aroma delicado e irresistível ainda mais perto. Aquilo.. aquilo era um braço?! Com um inevitável impulso eu o mordi. Mordi e suguei o irresistível líquido, até que não saísse mais nada dali. A minha força retornou e eu pude abrir meus olhos e me mover. Levantei-me e vi uma pilha pequena de roupas e uma areia estranha, brilhosa.. No alto dessa pilha havia um bracelete dourado, aquele que todos diziam para fugir se o visse. Era a principal marca de um Puro-Sangue louco que havia matado alguns caçadores ultimamente.
Mas eu não fugi. Fiquei, fui golpeada, perdi a consciência e tudo isso aconteceu. Minha cabeça girava. Não assimilava nada. Tudo, sem exceções, era uma figura sem sentido para mim. Eu soquei a areia, peguei o bracelete e sai do lugar escuro que me envolvia. O que eu encontrei do lado de fora era uma luz que queimava meus olhos. Feria minha pele. Sol.
Foi aí que eu me toquei.
Minha roupa estava encharcada de sangue. Minha roupa, meu rosto.. Minha boca ainda com vestígios daquele sabor perfeito e anormalmente delicado. Meu pescoço dolorido.. Eu.. havia tomado sangue?
Sangue daquele bastardo Sangue-puro? Não! Não! Ele havia feito isso comigo? Por quê? Por quê?!
Eu tinha apenas nove anos, mas eu sabia muito bem o que aquilo significava.
- Não .. Tudo, menos isso ! - Girei sem parar no meu próprio lugar e cai no chão. Olhei para cima, o céu azul, e uma sombra repentina. Uma silhueta fina, olhos atentos me fitavam. Não reparei mais nada. A confusão era tanta que não tardei em desmaiar e me entregar à inconsciência.


Vampire Knight - Your blood is my life (Parte 1)




Não adiantava. Eu não estava bem, e não importa o que me diziam, isso não iria mudar. Era impossível eu me sentir bem e tranquila naquele lugar. Pois para eles, eu não era nada mais que uma arma. Uma poderosa arma contra .. vampiros.
                                      

Um denso rio vermelho estava sob meus pés. Um rio de sangue, de lágrimas; um rio de fúria. Não havia som nem cheiro. Só conseguia sentir o sabor do ódio lentamente tomando conta de mim. Eu tinha apenas cinco anos, e pela primeira vez senti a vontade de matar.
- A família Fumino foi completamente exterminada em combate - um dos mensageiros da Associação de Caçadores anunciou, sem fazer cerimônia.
- Em combate?! Isso está se transformando em algum tipo de Guerra?! - Minha avó se levantou com dificuldade. Ela havia ficado tomando conta de mim, enquanto meus pais e o resto da minha família haviam ido à um cerimonial entre caçadores e vampiros. - Esse cerimonial foi só uma desculpa para matar pessoas pacificamente?
- Pacificamente não, senhora Hanabe. Acalme-se. E de certa forma, a relação entre caçadores e vampiros sempre foi vista como uma Guerra.
- E qual será o destino de Maora?
- A guarda da menina continua com a senhora, se assim desejar.
- Cuidarei de minha neta.
- Vale ressaltar .. Lembre-se que Maora é uma criança muito estimada. Não deixe que a semente que seus pais plantaram em seu sangue se apague. Ela será uma grande caçadora.
- Cuidarei disso, não se preocupe.
- Isso é tudo o que a Associação mandou relatar. Assim feito, eu me retiro. - O homem estranho e com um ar sombrio se retirou.
Do canto da porta, eu continuei observando. Minha avó, tão frágil e acabada, locomoveu-se até a janela. Era uma noite iluminada, mas dentro daquela casa, parecia ser impossível se enxergar a luz.
Ali só havia um ódio sobrenatural.. Minha avó ficou ali, parada olhando para fora de casa, como se esperasse algo. Após alguns instantes eu fui até ela. Havia um rastro de água embaixo dos seus olhos. Nunca havia visto alguém chorar antes – minha família era forte demais para demonstrar algum tipo de sentimento. Mas naquele momento, eu fui capaz de ver o que era uma verdadeira tristeza. Ela me abraçou ternamente, e sussurrou em meus ouvidos com a voz fraca:
- Você vai crescer, Maora. Crescer e exterminar aqueles malditos animais ..
- Sim vovó .. - Foi tudo o que eu respondi.
Foi nesse momento que eu decidi que a minha vida seria dedicada à isso .